Global Game Jam 2014 - Tower of Mimics

Após uma semana da Global Game Jam 2014 (GGJ14) eu venho aqui reportar as minhas experiencias do evento. O evento acontece simultaneamente em várias sedes pelo mundo e tem como objetivo a produção de jogos que se baseiam num tema em no máximo 48 horas. Este ano resolvi fazer sozinha o jogo, isto é realmente perigoso para uma Game Jam, mas acho que devido a experiencia dos anos anteriores deu tudo certo e temos um jogo novo. O jogo desse ano é o Tower of Mimics.




Sobre o jogo, acho que o vídeo explica tudo que eu poderia dizer sobre. Infelizmente meu material para gravação é muito tosco e portanto não tem a qualidade profissional que eu gostaria de oferecer (utilizei o microfone do notebook e ao fundo tinha um grupo jogando Magic, além de ter usado o primeiro programa que eu achei para gravação).

O que posso dizer sobre o evento? Sinceramente a organização da sede em que participei (como sempre a de Curitiba) foi fantástica. Esse ano dava pra sentir a preocupação com o conforto dos 409 participantes inscritos. A PUCPR disponibilizou um bloco inteiro para a realização do evento e portanto os participantes podiam escolher em que local iriam ficar com muita liberdade. Havia também a tradicional sala do cochilo, uma sala muito grande e escura, para os jammers poderem descansar as poucas horas de sono que teriam nos 2 dias. Agora começa a lista de mordomias que tivemos esse ano: tínhamos massagistas, poder tomar banho na PUC, área zen com pufes para todos os lados, café durante todo evento, café da manhã cedinho, tivemos pizza para janta,  frutinhas para comer durante a tarde,experimentamos um energético que está pra ser lançado, um restaurante aberto durante a hora do almoço só pra gente durante o sábado e o domingo, havia também a possibilidade de dormir em um hotel com a diária paga pra quem quisesse. Isso tudo graças aos patrocinadores do evento. Pela primeira vez fico feliz em que o evento tenha sido patrocinado por empresas externas. Fomos tratados como reis nesse evento.

Quanto a experiencia de participar sozinha, acredito que tenha sido a decisão mais acertada desse inicio de ano. Ao terminar o jogo foi algo recompensador a mesma medida que foi desafiador. Eu estava afim de experimentar algo novo, fazer algo diferente e inovador. O tema esse ano era muito aberto ("We don't see things as they are, we see as we are") e por isso permitia muita experimentação.

Como eu sabia que ia fazer sozinha esse ano eu procurei utilizar arte aberta em todo o jogo, assim não teria que me preocupar com o tempo dos artistas, mas teria que pesquisar toda a arte antes de implementar. Desse jeito a procura pela arte que ia ser utilizada e a programação meio que ficou misturado. Nos momentos de cansaço extremo eu procurei a arte pela internet e quando estava mais disposta programei o que conseguia. Posso dizer que esse ano foi a GameJam mais natural que já fiz, quando com fome comia, quando com sono dormia, quando estava disposta fazia as tarefas mais pesadas de programação e quando cansada fazia tarefas mais simples ou ainda mecânicas.

Tower of Mimics durante a manhã de sábado
Durante a madrugada de sábado a ideia de como seria o jogo simplesmente ainda não tinha vindo, eu já havia comido pizza, conversado, feito brainstorm com outras equipes e nada resolvia. Solução? Como eu estava sozinha eu não tinha com quem discutir sentei e comecei a fazer qualquer coisa. Fui implementando um qualquer coisa, primeiro o deslocamento do personagem em 8 direções, prendi esse personagem entre quatro paredes, depois implementei alguns inimigos que andavam aleatoriamente e por ultimo 1 escada que teletransportava o personagem para um ponto pré-definido. Nessa hora tive uma das piores experiencias durante todos os GGJs que participei: tentar dormir num colchão de ar furado.

Depois de 30 minutos acordei com dores no corpo inteiro e ainda incomodada por não ter conseguido fazer o encaixe do jogo com o tema. Na verdade a sensação que tive é que não tinha nada ainda na manhã de sábado. Como estava cansada, era o horário ideal para pesquisar por arte, afinal é só ir clickando no next até encontrar algo que me agradasse. Andei em várias páginas do OpenGameArt, encontrei o chão e as paredes e juntei MUITOS personagens que poderiam ser os inimigos. Substitui as imagens que eu estava utilizando pelas que encontrei e já eram 8:00 de sábado e o Bruno estava passando avisando que o café ia ser servido.

Tomei o café da manhã com o pessoal, um banho lá no ginásio da PUC e fui conversar com o Artur, o professor de Game Design da pós-graduação. Seguindo uma interpretação minha sobre o tema ele sugeriu fazer uma mecânica em que os inimigos repetiriam os movimentos que o jogador fez nos andares anteriores. Foi exatamente isso que eu implementei, naquela hora eu ainda não sabia muito bem se aquilo seria divertido, mas era simples de implementar e era o melhor que eu tinha.

Implementei parte da mecânica durante o resto da manhã, tentei dormir novamente antes do almoço, mas não consegui. Almocei por volta da 13:30 no restaurante com alguns amigos da pós-graduação. Durante a tarde implementei o que faltava da mecânica e finalmente consegui dormir mais um pouco. Após algumas iterações eu já sábia que aquele jogo seria divertido, mas precisava de uma música e ainda de um personagem. Comemos mais pizza e estava na hora de resolver o problema do personagem.

Tower of mimics após substituir toda arte de programador
Procurei mais um pouco pelo OpenGameArt, selecionei alguns personagens, mas eles eram pequenos demais na tela. Nesse momento você se toca que o próprio Gimp consegue ampliar uma imagem sem utilizar um interpolador. E assim resolvi o problema do personagem. Ai comecei a minha busca pela musica utilizando o site  Abundant Music para a geração procedural. Quando eu estava quase desistindo e pedindo socorro pros músicos que estavam disponíveis no evento apareceu a música que acabei utilizando.

Desse jeito eu acabei dormindo e passeando bastante pelo resto do domingo. Eu sempre passeei muito durante os GGJs, esse ano eu passeei até demais. Eu cheguei durante a manhã de sábado migrar da minha sala para a sala vizinha pra não incomodar quem estava dormindo e vencer o sono (uma sala quieta e escura é perfeita para dormir depois de acordar toda torta no chão). Durante o domingo acabei não almoçando por não conseguir submeter o jogo, mas aproveitei do ultimo horário com a massagista. Somente no domingo fiquei sabendo das frutas e isso foi meu almoço. Esperamos até o horário das apresentações, infelizmente a minha apresentação teve problemas com a câmera e por isso não posso mostra-la para vocês. Finalmente fomos para casa, cansados mas com a certeza que tinha valido a pena aquele fim de semana.

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Autor: Pâmela de Assis Beltrani

É Bacharel em Ciência da Computação pela PUCPR e Mestre pela UFPR. Também é especialista em Desenvolvimento de Jogos Digitais pela PUCPR.
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